Projeto de sinalização turística objetiva transformar a experiência dos visitantes das cidades Patrimônio Mundial do Brasil em 2024

Projeto de sinalização turística objetiva transformar a experiência dos visitantes das cidades Patrimônio Mundial do Brasil em 2024

Após a conclusão da primeira etapa dos projetos, 9 cidades serão beneficiadas com infraestrutura capaz de facilitar o turismo, ampliar a visitação e proteger o patrimônio brasileiro.

Na busca por enriquecer a experiência turística, inicialmente em 9 dos 16 sítios do Patrimônio Mundial Cultural reconhecidos pela Unesco no Brasil, a Organização das Cidades Brasileiras Patrimônio Mundial (OCBPM) está implementando, desde 2019, um projeto pioneiro de Sinalização Turística. O investimento visa não apenas guiar os visitantes, mas também impulsionar a visitação, com o crescimento do fluxo turístico. Até o final de 2024, o projeto será finalizado em nove cidades, objetivando incrementar processos de desenvolvimento sustentável das comunidades locais. A iniciativa da OCBPM tem o patrocínio da VALE e do BNDES, através da Lei Rouanet.

A sinalização turística, além de orientar a visitação do público, precisa fornecer informações sobre a história e a cultura da cidade. Ao mesmo tempo, por se tratar de um patrimônio reconhecido internacionalmente, precisa ser multilíngue para atender a visitantes do mundo todo. “São projetos que precisam ser executados de forma criteriosa para garantir tanto o atendimento às normas vigentes, como a melhor orientação para a localização dos turistas de forma clara e atualizada”, explicou o presidente da OCBPM, Mário Nascimento.

À medida que as placas e totens informativos começarem a ser instalados nos sítios, a expectativa é de uma transformação significativa na experiência turística. “A projeção é crescimento da visitação em 30%. A sinalização não é apenas direcional, é uma ferramenta de democratização da cultura. Queremos garantir que os visitantes se envolvam plenamente com a riqueza histórica, natural e cultural desses locais”, complementa Mário Nascimento. 

Para atender a esse desafio, a OCBPM se dedicou à elaboração dos projetos executivos,  visitas técnicas de campo a todos os sítios culturais, extensos registros fotográficos, incluindo o uso de drones, além de reuniões com as equipes técnicas das prefeituras e representantes do IPHAN, entre outros atores importantes, compondo um robusto diagnóstico. Todo o trabalho é desenvolvido em conformidade com o manual de Sinalização Turística do IPHAN e da UNESCO para garantir que o resultado terá o mesmo padrão encontrado em qualquer local que é patrimônio reconhecido pela Unesco no mundo. 

O projeto abrange desde as Missões Jesuíticas Guaranis, em São Miguel das Missões (RS), até o Parque Nacional Serra da Capivara (PI). Cada sítio vai receber uma sinalização cuidadosamente projetada para destacar suas características únicas que formam testemunhos da rica história e diversidade cultural do Brasil, e continuar a encantar e preservar a herança cultural e natural do país para as gerações futuras. Conheça os nove sítios que vão receber a sinalização turística ainda em 2024:

Centro Histórico de Goiás (GO)

Goiás é notável exemplo de uma cidade mineradora dos séculos XVIII e XIX que permaneceu praticamente intacta. O centro histórico testemunha a ocupação e colonização do Brasil Central durante os séculos XVIII e XIX. A cidade, intimamente ligada à história das bandeiras que exploravam o interior do território brasileiro, foi tombada pelo IPHAN em 1978. A distinção como Patrimônio Mundial ocorreu em 16 de dezembro de 2001. Sua importância reside não apenas nos aspectos artísticos, mas na maneira como adaptou os modelos de planejamento e construção de matriz portuguesa à região tropical.

Centro Histórico de Diamantina (MG)

Diamantina, situada no nordeste de Minas Gerais, destaca-se como um núcleo colonial português implantado no território dos diamantes, dentro do complexo geográfico da Serra do Espinhaço. No século XVIII, foi o maior centro de extração de diamantes do mundo, refletindo-se na evolução da cidade. Seu conjunto urbanístico e arquitetônico preserva a integridade, permitindo reconhecer o núcleo de povoamento do século XVIII na malha urbana atual.

Centro Histórico de Ouro Preto (MG)

Ouro Preto, implantada nas encostas de um estreito vale na região das Minas Gerais, originou-se do processo de agregação de arraiais de garimpo de ouro no final do século XVII e início do XVIII. Declarada Monumento Nacional em 1933 e tombada pelo IPHAN em 1938, foi inscrita na Lista do Patrimônio Mundial pela UNESCO em 5 de setembro de 1980 – o primeiro bem cultural brasileiro inscrito. Principal cidade do Ciclo do Ouro, Ouro Preto é um testemunho não apenas do barroco brasileiro, mas também do movimento pela independência do Brasil, a Inconfidência Mineira.

Centro Histórico de Olinda (PE)

O centro histórico de Olinda, vizinho à cidade do Recife, remonta ao início da colonização portuguesa no Brasil no século XVI. Consolidou-se como sede da Capitania de Pernambuco no período áureo da economia de cana de açúcar. Tombado pelo IPHAN em 1968, recebeu o reconhecimento da UNESCO como Patrimônio Mundial Cultural em 1982. O conjunto arquitetônico, urbanístico e paisagístico testemunha diferentes estilos arquitetônicos, desde edifícios coloniais do século XVI até obras neoclássicas e ecléticas do século XX.

Centro Histórico de Salvador (BA)

O conjunto arquitetônico, paisagístico e urbanístico do centro histórico de Salvador é um dos mais importantes exemplares do urbanismo ultramarino português. Localizado em acrópole, destaca-se pela divisão entre funções administrativas e residenciais no alto, enquanto o porto e o comércio situam-se à beira-mar. Fundada em 1549, Salvador foi a primeira capital do Brasil até 1763. A cidade, edificada sobre uma colina, cumpriu a missão histórica de centralizar as ações de Portugal na América e facilitar as transações comerciais com a África e o Oriente.

Conjunto Moderno da Pampulha – Belo Horizonte (MG)

O Conjunto Moderno da Pampulha, localizado em Belo Horizonte, foi designado Patrimônio Mundial em 2016, tornando-se o primeiro bem cultural a receber o título de Paisagem Cultural do Patrimônio Moderno. Tombado pelo Iphan em 1997, este complexo é considerado uma obra-prima da criatividade humana pela UNESCO. Projetado por Oscar Niemeyer na década de 1940, ele incorporou influências modernas e a assinatura do arquiteto suíço Le Corbusier, resultando em uma fusão única de arte, arquitetura e paisagem.

Missões Jesuíticas Guaranis, São Miguel das Missões (RS)

As Missões Jesuíticas Guaranis constituem um sítio arqueológico que preserva os remanescentes dos povoados implantados em território originalmente ocupado por indígenas. Estabelecidas durante o processo de evangelização promovido pela Companhia de Jesus nas colônias da coroa espanhola na América nos séculos XVII e XVIII, essas missões foram inscritas na Lista do Patrimônio Mundial em dezembro de 1983. Elas representam um testemunho importante da ocupação do território e das relações culturais entre os povos nativos, principalmente do grupo étnico Guarani, e os missionários jesuítas europeus.

Parque Nacional Serra da Capivara (PI)

Criado em 1979 para preservar vestígios arqueológicos, o Parque Nacional Serra da Capivara, subordinado ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), foi inscrito na Lista do Patrimônio Mundial pela UNESCO em 13 de dezembro de 1991. Abrangendo a mais remota presença do homem na América do Sul, o parque possui cerca de 400 sítios arqueológicos com pinturas e gravuras rupestres de grande valor estético e arqueológico. Sua importância é destacada não apenas pela preservação do patrimônio cultural, mas também por contribuir para a proteção da caatinga.

Praça São Francisco, em São Cristóvão (SE)

A Praça São Francisco, situada em São Cristóvão, Sergipe, é um conjunto excepcional que representa um testemunho único do período da União Ibérica. Fundada em 1590, São Cristóvão é considerada a quarta cidade mais antiga do Brasil. Durante a invasão holandesa de 1630 a 1654, a cidade foi praticamente destruída, e sua reconstrução foi lenta e marcada pela arquitetura religiosa. A Praça São Francisco é um exemplo de como a arquitetura e o urbanismo refletiram o período em que Portugal e Espanha estiveram unidos entre 1580 e 1640.

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